Eu tô começando a conseguir pensar mais no futuro do que no passado.
Eu sei que sou um tanto maníaco compulsivo obsessivo, não no sentido literal como o personagem que o Jack Nicholson interpreta em Melhor É Impossível. Mas no sentido de que quando estou no meu estado “normal” eu só penso em música e tudo que envolve colocar um show bacana na estrada.
Já que falei de cinema, me vêm outro filme à cabeça. Esse não fez tanto sucesso, mas é a respeito de uma banda imaginária que se chama StillWater, se não me engano. O filme se chama Quase Famosos, o que não deixa de ser irônico porque nenhum dos atores é muito famoso. Mas vamos ao filme. A banda está na estrada, sendo acompanhada por um repórter da Rolling Stone, que faz o papel de um garoto que na vida real se chama Cameron Crowe, que aliás
dirigiu o filme. O filme é assim, mistura ficção com realidade. Algumas coisas que acontecem com a banda aconteceram mesmo com bandas de verdade, como uma cena hilária num avião que teria acontecido com The Who. Esse cara, o Cameron Crowe, tem como mentor um outro jornalista de verdade, o amargo, mas engraçadíssimo, Lester Banks., que vive dizendo pro garoto nunca se envolver com a banda porque ele acabaria seduzido pela vida glamurosa de aviões, sexo, drogas e fama. E é exatamente o que acontece. O cara se torna amigo do StillWater, embora no final faça um artigo que desagrada a banda.
Mas nada disso é sobre o que eu queria falar, dei uma viajada. Meu ponto é que em determinado momento o Cameron Crowe, durante uma entrevista, pergunta ao guitarrista o que ele mais gostava em rock’n'roll. O cara fica quieto pensando, e lá pelas tantas responde: “Tudo”. Eu me sinto assim, gosto de todo o unverso em volta de rock. Das roupas, às caras e bocas, aos cenários, estilo de vida, letras, guitarras, baterias, baixos, às luzes dos shows, discos e capas…..enfim , tudo. E no momento, eu tenho pensado só nisso.
Eu tive muito tempo pra pensar no assunto. Eu não tirava férias há dez anos, e eu quero aproveitar essa interrupção pra mudar muita coisa. Eu não quero, no entanto, aparecer com outra banda. Digamos que o Capital vai ter uma sonoridade diferente e o que estou pensando pro cenário, caso seja viável, vai ser surpreendente. Quanto às roupas acho que isso fica igual, jeans e camiseta. E instrumentos então nem se fala. Decidi fazer uma pequena coleção de guitarras, violões e baixos. Não sou um bom instrumentista, mas desde garoto sou apaixonado por coisas como uma Les Paul ou uma SG. É gozado, só fui comprar essas coisas agora.
Mas voltando aos meus novos instrumentos consegui uma Strocaster de 77 e um Precision de 72. O baixo o Flavio usou em algumas cançoes do disco novo. Aliás, eu também nunca tive tanto tempo pra pensar num disco. Quase todo dia eu mudo o pedaço de alguma letra. O que na verdade é um saco porque vc nunca se dá por satisfeito. Então vc de repente se vê atormentado por uma rima e métrica que vc não consegue encontrar.
Por exemplo, fiz uma canção que por enquanto se chama “Quero ser como vc” e em determinado momento tem uma frase que diz “diga uma palavra pra me acalmar…” e eu preciso de algo que tenha o mesmo ou quase o mesmo número de sílabas, que acabe em “ar”, mas
não seja um verbo. E só me vem à cabeça coisas como bar, mar, lar e pomar, enfim nada que eu possa usar. E por aí vai, toda vez que ouço uma das canções, eu tenho vontade de mudar alguma coisa. Eu sei que em algum momento vou ter que me resignar e dar por encerrado, mesmo achando que eu poderia
melhorar algum detalhe.
Me vem à cabeça uma coisa que Renato me dizia nos anos oitenta. Ele dizia que um disco fica pra sempre, que era preciso tomar muito cuidado, e que nós fazíamos discos apressadamente. Ele tinha razão. Mas hoje é diferente, estou compondo com o Alvin e o Pitt desde o começo do ano passado e ainda tenho tido esse tempo extra pra acabar as letras. Não quero dizer com isso que vou fazer algo perfeito, mas vou saber que fiz meu melhor. E eu acho que é isso que importa. Eu começo a gravar as vozes no dia 28. Que meda……
Boas vibes.
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